terça-feira, 6 de julho de 2010

RESENHA : A práxis pedagógica presente e futura e os conceitos de verdade e realidade frente ás crise do conhecimento científico no século XX.

Texto de Maria Helena Silveira Bonilla.

Segundo Bonilla “As transformações científicas e tecnológicas estão intimamente ligadas com as alterações que vêm ocorrendo nas relações e nas formas de organização social” (pág. 71).
Observo que estamos vivendo um ritmo acelerado de transformações, justificando a “entrada” das novas tecnologias e meios de comunicação que facilita a vida das pessoas, o que vem envolvendo grande parte da sociedade.

De acordo com Capra (1999: 31), “transformações que vão muito além das medidas superficiais de reajustamento econômico e político que estão sendo considerados pelos líderes políticos de hoje”.

Percebo que é neste contexto que pode-se inserir a situação da escola, que sofre grande influencia de toda essas transformações científicas e tecnológicas. “ A escola surge como encruzilhada de influências entre o global e o local, como um conjunto de espaço e tempos influenciados por determinantes do global, do nacional e do local” (Stoer, Cortesão, et al 2001: 241).

A autora diz em seu texto que só ocorrem mudanças na sociedade, ou em qualquer área da vida, quando muda a ideia geral de ordem. Entretanto, entendo que toda mudança ocorre de acordo com um certo momento histórico, em uma certa sociedade, com uma determinada ordem, como exemplos a a cosmovisão da sociedade Medieval, Moderna e Contemporânea. E hoje em dia, a cosmovisão da sociedade atual são às tecnologias da escrita e da linguagem, visando a impressão como um meio de difusão do conhecimento, educação, e concepções do homem, sociedade.

Para Olson (1995:97), a relação entre os textos e sua interpretações proporcionou o surgimento dos modelos, das categorias necessárias à descrição e à interpretação da natureza e da sociedade.
Para a autora, é uma forma de pensar e conceituar suscita a ambição teórica e as pretensões à universalidade. A norma para o conhecimento é a “verdade”, crítica e objetiva, independente dos sujeitos que a comunicam. Percebo que, as vastas formas do saber, pode-se fujir do que é real, o conhecimento passas a ser interpretado e manipulado pelo homem.

Bonilla ressalta que a reconfiguração da cosmovisão moderna está intimamente relacionada com as novas problemáticas, complexas, multipolares, que estão emergindo na contemporaneidade, provocando tensões, reconfigurações, articulações, implicações, no interior das formações sociais, subjetivas e políticas, sendo que novos meios técnico-científicos têm papel significativo nesse processo. Concordo, essa crise do saber científico , afeta uma ordem social, que passa a construção de um novo modelo de vida, novos pensamentos, formas de pensamento.

O real passa a ser uma “vontade” do homem, um desejo, uma subjetividade, onde ele pode manipular, dominar.
Para Bohm e Peat (1989: 197), todas as analogias são limitadas e, se aquilo que dizemos é uma analogia, então o objeto não pode ser o que dizemos, embora as proporções em ambos possam ser semelhantes, sempre há possibilidade de se produzir outras imagens, outras analogias, outras leituras, enunciados, significações.
Entendo que esse processo é aberto a novas criações, novos modos de possibilidades, e virtualização.
A esse fenômeno de negar-se ao pretenso conhecimento distanciado, completo, acabado, chama-se de opacidade.
A autora conceitua opacidade, funda-se no conceito de complexidade, que considera que os fenômenos não são redutíveis aos princípios de explicação simplificadora. E a complexidade é insimplificável, pois nos obriga a unir noções que se excluem no âmbito do princípio de simplificação/redução, porque estabelece implicação mútua, uma conjunção necessária entre noções classicamente distintas. Ao meu ver, provoca uma ampliação entre o diálogo, uma noção distintas entre as coisas, o desafio das diferenças entre os elementos.

A escola está inserida no cosmovisão da modernidade hegemônica, fechada a fenômeno externos.
È visto no texto que mesmo quando o modelo pedagógico adotado admite as diferenças, trabalha no sentido de lapidar as arestas e conduzir a uma unidade, a uma identidade hegemônica.

Tendo isto em vista, esse modelo formal que a escola adota, nesse mundo da falta de comunicação, e diferente noção de ordem, fechada para fenômenos externos, repercute na vida do aluno, principalmente os jovens, levando a evasão na escola e reprovações. Mas também pode ter seu lado negativo em relação aos fenômenos externos, um exemplo é a violência, pode ser trazido pelo aluno fora da escola. Percebo também que alguns professores não desenvolvem um projeto pedagógico de acordo com as mudanças no mundo.

Segundo Morin ( 1996: 275), a forma de pensamento que a escola e a universalidade impõem aos alunos, desde a infância é a de um pensamento disjuntivo e redutor, ou seja, na escola aprendemos muito bem a separar- separamos um objeto de seu ambiente, isolamos um objeto em relação ao observador que o observa e buscamos a explicação do todo através da constituição de duas partes, na tentativa de eliminar a complexidade e a historicidade.
O modelo pedagógico também é determinista e a-histórico, pois segue programas- sequencia de atos decididos a priori, que devem começar a funcionar um após o outro, sem variar, e que funcionam muito bem quando as condições circundantes não se modificam e, sobretudo quando não são perturbadas (Morin, 1996: 284).

Por tanto, esse modelo pedagógico não consegue suprir toda a complexidade vivenciada pelos alunos, é preciso inovar, incorporar novas formas de pensar, de agir, de acordo com a vida contemporânea, não esquecendo de usar as tecnologias da informação e da comunicação, entendendo a educação e contemporaneidade com mais abrangência, pois todos nós estamos em processo de aprendizagem até a morte.

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